O governo de Israel começou, neste sábado (4), a deportação da delegação brasileira detida durante a missão humanitária Global Sumud Flotilla, que seguia em direção à Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária.
O primeiro liberado foi Nicolas Calabrese, cidadão argentino-italiano residente no Brasil, também professor de educação física e militante do PSOL, segundo nota divulgada pela organização. Ainda não há informações sobre seu retorno ao Brasil.
De acordo com a Global Sumud Flotilla, outros 14 brasileiros continuam sob custódia, incluindo a deputada cearense Luizianne Lins (PT-CE).
Segundo a assessoria da parlamentar, ela se recusou a assinar o documento de deportação acelerada das autoridades israelenses por considerá-lo abusivo.
A Adalah, entidade responsável pela defesa jurídica dos ativistas, informou que não recebeu detalhes oficiais sobre o processo de deportação dos demais.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), que acompanha o caso, afirmou que a saída dos outros detidos deve ocorrer a partir deste domingo (5), após o feriado em Israel.
Por que Luizianne Lins segue detida?
Segundo nota divulgada pela assessoria da deputada Luizianne Lins (PT-CE) na tarde deste sábado (4), ela e os demais integrantes da delegação brasileira a bordo da embarcação Grand Blue seguem detidos na prisão de Ketziot, no deserto de Negev, após a flotilha ter sido interceptada por forças israelenses em águas internacionais.
Segundo o comunicado, Luizianne decidiu não assinar o documento de deportação acelerada oferecido pelas autoridades israelenses, por considerar o texto abusivo.
A deputada, conforme relatado pela advogada que acompanha o grupo, afirmou que sua decisão reflete solidariedade e unidade com os demais brasileiros que também optaram por não assinar.
A nota ainda expressa preocupação com relatos de que parte da delegação estaria sendo privada de água, alimentos e medicamentos, o que, segundo a defesa, viola normas internacionais de direitos humanos.
As audiências judiciais que analisam as ordens de detenção ocorrem neste sábado (4), e a assessoria da parlamentar aguarda o resultado das sessões. O documento finaliza afirmando que novas informações serão divulgadas assim que disponíveis.
Situação dos demais ativistas
A Global Sumud Flotilla informou que os integrantes Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles iniciaram uma greve de fome como forma de protesto pacífico. O grupo alega estar recorrendo ao corpo como forma simbólica de resistência diante das restrições de comunicação.
O Itamaraty declarou que acompanha o caso e mantém diálogo com as autoridades israelenses para garantir a segurança e o retorno dos brasileiros.
Quem são os brasileiros na flotilha
De acordo com os organizadores, os brasileiros que integravam a missão são:
- Luizianne Lins, deputada federal (PT-CE), no barco Grand Blue;
- Thiago Ávila, ativista e integrante do Comitê Diretor da Global Sumud Flotilla, no barco Alma;
- Bruno Gilga, trabalhador da USP e correspondente do Esquerda Diário, no barco Sirius;
- Lisiane Proença, comunicadora popular e ativista socioambiental, no barco Sirius;
- Magno Costa, dirigente sindical da USP e integrante da CSP Conlutas, no barco Sirius;
- Mariana Conti, vereadora do PSOL em Campinas (SP), no barco Sirius;
- Nicolas Calabrese, professor e coordenador da Rede Emancipa, no barco Sirius;
- Gabriele Tolotti, presidente do PSOL-RS, no barco The Spectre;
- Mohamad El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino, no barco The Spectre;
- Ariadne Telles, advogada popular, no barco Adara;
- Mansur Peixoto, criador do projeto História Islâmica, no barco Adara;
- Lucas Gusmão, ativista internacionalista, no barco Yulara;
- João Aguiar, militante do Núcleo Palestina do PT-SP, no barco Mikeno;
- Miguel de Castro, cineasta e ativista, no barco Catalina;
- Hassan Massoud, jornalista correspondente da Al Jazeera.
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